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Publicado por fazeraqui em 13 de abril de 2020
Por Fátima Cardoso*
 
Não faz muito tempo, aqui em casa eram só risos, brincadeiras, corridas, enfim, era só alegria.
Éramos todos muito bem cuidados pela mamãe.
Mamãe era só alegria. Quando entrava em nossa casa corríamos todos juntos para bem pertinho dela.
– Mamãe é muito cheirosa.
Mamãe sentava-se no túnel que ela mesmo fez para nós brincarmos, e ficava muito tempo ali nos acariciando!
Ah! Rolava muito ciúme também, principalmente da Sissi, minha irmã de pelo bege.
Mamãe gostava de dar colo para a Teca, ela era pequenininha. Somos da raça Poodle Toy, mas a Teca era microtoy, assim como a Lindinha, nossa irmã caçula.
Mamãe nos chama de carneirinhos, por causa de nossos pelos enroladinhos. Quando mamãe entrava em nossa casa de jaleco branco e luvas, meus irmãos corriam pra longe dela. É que era dia de banho, confesso, eu também corria.
Ah! Que saudades dos meus irmãozinhos!
O Possante era preto e peito branco, quer dizer, uma manchinha branca no peito, ele era o mais velho da casa, colocava ordem com um latido mais potente. Foi o primeiro da família a ir morar no céu canino. Estava com quase dezoito anos. Mamãe tinha o maior cuidado em tosá-lo, seu corpinho estava todo enrugado. Foi morar no céu com a Susi, eu não a conheci, mas ouvi muitas histórias sobre ela.
Susi morava dentro da casa da mamãe, bem antes de eu e os outros irmãos existirmos. Mamãe contava que a Susi, quando estava com sede, ficava em pé com as patinhas na porta da pia da cozinha e latia até alguém pôr água no seu potinho. Ela era da raça pequinês e tinha os pelos vermelhos. Era muito brava, mamãe dizia que era por causa do café preto que ela gostava de tomar.
A Laica era a carneirinha de cor cinza. A Nina era de cor pérola. Tinha os pelos lisos e compridos, mamãe ficava admirando-os depois de secá-los. A Sandy partiu bem idosa, estava cega. A Sandy era de cor branca, era minha mãe e mãe dos meus irmãozinhos brancos.
A Mel era diferente de nós, apesar de sermos irmãos. Tinha os pelos lisos de cor avermelhado. Era muito tímida. Quando alguém entrava no canil para nos ver, ela se escondia.
O Bobi, meu pai, a mamãe não sabe precisar sua idade. Quando ele chegou aqui em casa já era adulto. Fez a passagem, como um apagar de vela, diz a mamãe. Devia ser bem idoso.
Éramos em 11, hoje somos eu e a Lindinha, minha irmã caçula; somos idosos. Eu ouço pouco e tenho dificuldade para enxergar também, mas consigo ver a tristeza da mamãe quando ela entra no canil. Ela fica olhando para os cantos onde cada um de meus irmãos costumavam ficar. Ela até sorri, entre lágrimas, deve vê-los com o coração. Ela olha para mim e minha irmã, acaricia nossos pelos brancos e suspira, deve estar pensando: até quando!?
O silêncio no canil ecoa saudades!
*Fátima Cardoso nasceu em Criciúma e mora em Joinville desde 1974. Na infância suas palavras formavam poesias, sem nem mesmo conhecer o gênero. Escrever é seu refúgio no tempo! Integra a Confraria do Escritor e é cofundadora da Associação das Letras. Participou das antologias Show das Dez, a Ilha e de todas as antologias e miniantologias publicadas pela Associação das Letras, num total de 17 publicações. Obras publicadas: “Pedra Falsa” (poemas, 2007) e Devaneios (poemas, 2014).
(Fotos: Divulgação)
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