Por Andréa Carvalho Santos Borges*
Bela, Deia, Quel e Lé… todas nós crescemos vendo nossa mãe fazendo artesanalmente o delicioso rocambole. O rocambole era e ainda é, um verdadeiro ícone em nossas comemorações e cafés da tarde festivos. Outrora recheado de doce de leite ou goiabada, hoje, recheado de inúmeras lembranças felizes.
Quando nossa mãe anunciava a visita de alguém muito querido e estimado, já sabíamos que a presença vip em nossa mesa seria da “sua majestade”, o Rocambole.
A palavra Rocambole soava como música para os nossos ouvidos, assim como a expressão “criado a pão de ló” soava como um privilégio delicioso e cobiçado pelos antigos. Sim!!!! Imagina comer aquela massa leve, fofinha, feita basicamente de ovos (artigo de luxo na época) e recheada ainda por cima com seu doce preferido? Verdadeiro luxo!!!
O ritual rocambolesco iniciava com a lista dos ingredientes e escolha do recheio: goiabada ou doce de leite caseiro, industrializado ou de leite condensado cozido na panela de pressão.
E o momento auge da confecção da tão almejada iguaria era o momento de desenformar o pão de ló ainda quente em um pano de prato limpíssimo, polvilhado com açúcar… hummmmm, que delícia! Eu até ajoelhava na cadeira para observar atentamente e bem de pertinho, a grande mágica acontecer. Aquele retângulo saindo do forno, quentinho e fofinho ser transformado em um caracol de doce de leite!
Existia toda uma expectativa em torno da etapa crucial para que o pão de ló pudesse ser promovido a Rocambole!
– Será que vai dar certo? Será que ele vai rachar?
O recheio era colocado no pão de ló ainda quente, enrolado e envolvido no pano úmido açucarado por uns 10 minutinhos até ir se acostumando com o novo formato.
Esta especialidade da nossa mãe e querida Tia Beth, ganhou fama, conquistou genros, acompanhou e acompanha todos os acontecimentos importantes familiares. Mais uma das suas obras de arte e que já recebeu inúmeras versões de recheios e coberturas de acordo com as preferências dos (as) homenageados (as).
Aos especialistas de antropologia cultural eu diria que o rocambole é a verdadeira genialidade da cozinha mineira. Aos frequentadores assíduos das tradicionais festas de São Sebastião em Campanha nas décadas de 80 e 90 eu diria que é o doce mais chique e imponente da confeitaria mineira. E como felicidade é algo bem subjetivo, eu afirmo sem medo de ser feliz, que o sabor da felicidade é o sabor do Rocambole da Tia Beth!!!!!
7 ovos
2 copos de açúcar refinado
2 copos de farinha de trigo
Bater as claras em neve, juntar as gemas e continuar batendo. Misturar o açúcar peneirando-o pouco a pouco. Bata até dissolvê-lo. Por último adicione a farinha, também peneirada, e misture levemente sem bater até a farinha sumir na massa. Ainda nesta fase, a massa tem que ficar leve e não murchar ou baixar na vasilha. Caso aconteça de diminuir a altura da massa na tigela, acrescente uma colher de sopa de fermento em pó.
O pão de ló será assado em um tabuleiro de 30 x 45 cm aproximadamente, forrado com papel manteiga. Asse em forno pré-aquecido a 180º por 20 minutos sem abrir.
Quando for verificado que está assado, vire o pão de ló num pano de prato úmido, polvilhado com açúcar, retire o papel, espalhe o recheio e comece a enrolá-lo com o auxílio do pano. A primeira volta pode ser apertada e as seguintes automaticamente irão seguir a primeira (sempre com a ajuda das duas mãos no pano). Deixe assim até que esfrie um pouco, retire então o rocambole passando para uma travessa ou prato grande.
*Andréa Carvalho Santos Borges é mineira de BH, formada em Pedagogia. Lançou no dia 6/2/2020, no Capitão Space, seu primeiro livro infantil, “A Vovó Aventureira” (Editora Areia)
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